segunda-feira, 3 de março de 2014

audio-texto

O Estado procura suprir sua ineficiência com medidas paliativas. Este, nesse contexto procura a seu modo, usar o seu poder do uso da violência física, como bem coloca Weber, barrar os atos cometidos por esses menores através de medidas repressoras, no âmbito de instituições consideradas como “socializadoras”.
É nessa questão que o título da reportagem do “Jornal da Tarde”, que Amado vai expor o modo como às autoridades viam o âmbito dos reformatórios, lugar onde os meninos que praticam atos ilícitos eram colocados, e diz o seguinte:
Um estabelecimento modelar onde reinam a paz e o trabalho – um diretor que é amigo – ótima comida- crianças ladronas em caminho da regeração- acusações improcedentes- só um incorrigível reclama- “reformatório baiano” é uma grande família- onde deviam estar “Os Capitães da Areia”.





domingo, 26 de maio de 2013

Inserção da mulher na política



1.      O recente ingresso das mulheres na política partidária
1.1.    A conquista do voto feminino no Brasil
1.2.   A participação política feminina na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa no período 1945-1962
Os pontos acima tratam do percurso histórico da inserção da mulher, sobretudo da mulher paraibana na esfera política e ingresso da mesma na política partidária. As autoras levantam marcos e fatos históricos que contribuíram para a expressão da representatividade feminina no âmbito político. Elas destacam: Sufragismo, Revolta de Princesa, Revolução de 30- apontando Getúlio Vargas e João Pessoa- dados em relação à quantidade de candidaturas femininas paraibanas. (Páginas: 11-18)

1.3.   A participação política feminina na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa no período 1964-1978
1.4.   Da abertura política às eleições de 2006
Nessa parte as autoras tratam de alguns movimentos femininos e apontam mais dados de candidaturas; apontam nome de algumas figuras paraibanas, como: Vani Braga, Lúcia Braga, Geralda Medeiros, Nadja Palitot, Terezinha Pessoa, Cozete Barbosa, Lourdes Sarmento, Maria José, Ligia Feliciano, Tânia Brito etc. As autoras expõem muitos dados, mas acredito que seja interessante pesquisar um pouco sobre algumas dessas figuras e dar visibilidade a inserção destas na esfera política. (Páginas: 18-25)

1.5.   As mulheres no poder municipal
2.      As vias de ingresso na política partidária
2.1.   A via familiar e o poder patriarcal
Aqui elas apontam, novamente, alguns dados, mas depois buscam dizer os meios pelos quais as mulheres entram na política: seja através do pai, do esposo, mas aquelas também que se inseriram por mérito próprio. (Páginas: 25-37)

2.2.   A via da inserção pública independente e o poder pessoal
2.3.   A via do poder emergente e o compromisso feminista
3.      Aprendizagem, empoderamento e exercício do poder pelas mulheres.


Papel individual da mulher na esfera representativa, militâncias, compromisso feminista, aprendizagem teórica e prática do exercício do poder pelas mulheres. (Páginas: 37-47).

Antropologia Urbana- como os autores a pensam?


Os estudos antropológicos voltados aos fenômenos ligados à urbanização são alvos de diversas reflexões em que certos autores procuraram construir suas abordagens sobre a cidade, mas ao mesmo tempo, em certa medida, criaram determinados problemas. Cabe a nós discutirmos como alguns teóricos construíram de forma positiva seus estudos, e em que medida criaram um problema nas discussões acerca do fenômeno urbano. Nesse sentido, traremos à luz as reflexões das tipologias de cidade abordadas por Weber; em seguida, a discussão de Simmel sobre os estímulos que a metrópole produz nos indivíduos da cidade, já que existe um tipo de vida tipicamente urbano em termos psicológicos; a preocupação dos estudiosos de Chicago na construção de uma compreensão acerca dos comportamentos urbanos como um modo de vida específico, vistos em Park e Wirth e, sobretudo na visão de Hannerz acerca desses estudiosos do mundo urbano.
Weber concebe a cidade como um tipo ideal, procurando explicar a sua origem através do desenvolvimento do capitalismo moderno e a partir da racionalidade das esferas sociais.  A cidade, na sua forma ideal, seria para Weber, caracterizada pela existência de uma comunidade possuidora de uma autonomia política, representada como um estabelecimento compacto, e ainda, vista como local de mercado. Assim, Weber faz um percurso histórico nos mais variados tipos de cidades, especificando cada uma delas a fim de trazer a luz suas categorias e propriamente seu conceito, sendo que tal conceito é provisório, e pode ser reelaborado. Ele usa de generalizações e abrangências para explicar a cidade, fazendo um imenso percurso histórico nas civilizações.
Para Weber as cidades são tipos mesclados, e seria uma pré-condição da existência do capitalismo, e consequentemente pressuposto para seu desenvolvimento. Dessa forma, o autor procura apontar as condições da sociedade ocidental; demonstra como que ela se conforma; como os indivíduos se estabelecem nessa relação; como a economia perpassa nesse processo.
De acordo com Weber, a noção de cidade vincula-se à noção de localidade, como sendo um assentamento fechado de casas; caracterizada pelo tamanho, troca de bens e serviços e funções diversificadas. Nesse sentido, combinada tais características, Weber compõe sua tipologia de cidade, tais sejam: a cidade do príncipe, a cidade de consumo, a cidade industrial, a cidade comercial. Mas essas cidades surgiram somente no mundo ocidental, já que apresentavam uma relação intima com a organização do poder como forma de dominação.
Nesse esforço que Weber faz na construção de sua tipologia de cidades, ele procura perseguir as implicações que o Estado produz quando ele emerge, como figura fundamental na relação com a cidade.
Acontece que, no processo de explicação do percurso histórico das cidades, Weber ao fazer muitas abrangências para explicar seu objeto, deixa-nos a sensação de uma conclusão não definitiva, já que seu conceito de cidade não é provisório. Mesmo assim, fornece-nos elementos capazes de seguirmos um percurso, acerca de sua pretensão de uma construção do conceito e categorias da cidade.
Já Simmel em “A metrópole e a vida mental” pensa o modo de vida metropolitano associado a um caráter mental específico da vida na cidade. Assim, ele procura mostrar como a personalidade (psicológica) dos indivíduos se acomoda nos ajustamentos às forças externas (a vida na metrópole). Para Simmel, a vida na metrópole conduz o aparecimento de novas condutas urbanas. Por isso, ao contrastar às condições psicológicas dos indivíduos da pequena cidade e dos metropolitanos, ele aponta que as diferenças entre estes estão principalmente no que diz respeito ao modo de vida destes, e de modo mais específico, sobretudo, das fundamentações sensoriais da vida psíquica. De acordo com o autor o ritmo de vida e o conjunto sensorial das imagens dos habitantes da pequena cidade são muito mais demorados, de modo que esse ritmo de vivência produz relacionamentos bem mais profundamente sentidos e emocionais.  Já o individuo metropolitano em sua relação com os outros, tais relações estão enraizados nas camadas mais inconscientes do psiquismo e cresce de modo menos dificultoso, seguindo o ritmo constante da adesão de hábitos. Por isso que, ele afirma que o indivíduo metropolitano está propenso a indiferença e a racionalização das relações sociais, à intelectualização, ao calculo, a indiferença em suas relações como modo de proteção subjetiva das ameaças do ambiente externo, ou seja, da metrópole.
Na metrópole há um vinculo intenso entre o domínio intelectual do indivíduo e a economia monetária. Assim o dinheiro, para Simmel, é quem indaga sobre quanto custa algo. E as relações emocionais entre os indivíduos fundam-se mediante a sua individualidade, enquanto que as relações racionais, o homem é trabalhado como um número, como um elemento indiferente.  Nesse sentido, percebemos que Simmel deu uma contribuição ao pensar a metrópole relacionando a compreensão da cidade sob o prisma da sensibilidade dos indivíduos metropolitanos.
De acordo com Wirth a cidade é produto do crescimento, e as influências que ela exerce sobre o modo de vida dos indivíduos, não sejam capazes de eliminar de modo completo os modos de associação humana. Para ele, a cidade e o campo podem ser tidos como dois pólos em relação aos quais todos os aglomerados humanos tendem a se dispor. Segundo Wirth uma cidade pode ser definida, em termos sociológicos, como um núcleo grande, denso e permanente de indivíduos que são socialmente heterogêneos.
O autor aponta que quanto mais uma cidade for densamente habitada, quanto mais heterogêneo for a comunidade, tanto mais acentuada serão as características associadas ao urbanismo.  Para Wirth o modo de vida urbano se encontra em sua forma reconhecida na cidade, de modo que é influenciada através de três principais fatores: o tamanho, a densidade e a heterogeneidade. Segundo ele o aumento do número de habitantes de determinada localidade, possivelmente depois limitará a possibilidade dos indivíduos se conhecerem pessoalmente uns aos outros, e esse aumento envolve modificações no caráter dessas relações.
Quanto ao segundo fator, à densidade, a vida na cidade permite contato estreito e o trabalho em comum de indivíduos sem laços sentimentais ou emocionais, desenvolvendo assim um espírito de concorrência e de exploração mútua. As tensões nervosas, as frustrações são cada vez mais acentuadas pelo ritmo que a tecnologia atua sobre a vida dos habitantes de áreas densas.
No que diz respeito ao ultimo fator, a heterogeneidade, o autor aponta que onde quer que se estejam concentradas grandes quantidades de pessoas de constituições divergentes, entra também um processo que resulta na despersonalização.  Entretanto, Hannerz afirma que o tamanho, a densidade e a heterogeneidade não precisam relacionar-se da mesma maneira em todas as cidades, e essa visão de Wirth é pensada a partir da sociedade em que ele vive a americana. De modo que tal visão não pode ser generalizada a todas as sociedades, já que para Hannerz se quiser argumentar que certa densidade absoluta produz efeitos sociais particulares, as comunidades de que um se ocupa podem ser consideradas urbanas em certos lugares e não em outros. Pois para ele “esse é um obstáculo para os estudos urbanos comparativos” (p.82), e isso é um problema.
Para Park a cidade é tida como uma espécie de estado de espírito, um corpo de tradições e costumes e de sentimentos e atitudes que são organizadas. E mais do que um mecanismo físico, a cidade é vista a partir de envolvimento nos processos da vida das pessoas que a comportam, e é tida como resultante da natureza, principalmente da natureza humana. A cidade é pensada por Park a partir da sua ecologia humana, a partir de forças que atuam dentro do limite da comunidade urbana, de modo que essas forças tendem a ocasionar agrupamentos que são típicos de suas populações e instituições. Assim, fatores como transporte, comunicação, linhas de bonde, jornais etc. organizam ecologicamente a cidade e concentram as populações urbanas. Ainda para Park a cidade pode ser pensada como habitat natural do homem civilizado, e é uma área cultural e que tem seu próprio tipo particular de cultura. Em resumo, a ecologia humana de Park consistia ao que Hannerz apontou, como uma perspectiva analítica em que os fenômenos peculiarmente humanos do consenso e da comunicação teriam escassa importância, e sua inspiração era advinda do darwinismo social.
Park pensa a cidade também em termos de uma organização moral e física, em que estas interagem entre si e se modificam e molda uma a outra. Mas de acordo com Hannerz o urbanismo visto como uma ordem social mais do que uma forma de vida, Park devia ter prestado mais atenção aos níveis mais altos da política e da economia da cidade.
De acordo com Hannerz autores como Readfield, que definia a sociedade comunal vista como homogênea e harmônica, e pensada como oposta a cidade moderna apontavam que “a dicotomia se transformou então em um contínuo, pelo reconhecimento de que as verdadeiras sociedades ou formas de vida nem sempre se encaixam de maneira muito exata em alguns dos tipos polares, sendo que se situam entre eles” (p.79). Tais dicotomias, para Hannerz, são vulneráveis, e sofreram muitas críticas. Por fim, aponta que parte da pressuposição de uma ecologia urbana, de liberalismo, os sociólogos de Chicago não tiverem, em geral, muito interesse em analisar a economia mais ampla da comunidade por assuntos de poder e conflito.

Resenha: OLGA



OLGA. Direção: Jayme Monjardim. Produção: Rita Buzzar. Filme 141 min., 2004. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Fpdmel8zLWk>. Acesso 18 abr., 2013.

Refletir sobre o filme Olga (2004) é pensar em um contexto histórico do século XX marcado pela fragilidade do mundo após duas Grandes Guerras Mundiais e a expressiva ordem política e social expressa pelo nazismo de Hitler, e, além disso, apreender o modo pelo qual o Brasil se posicionava, em certo sentido, pela figura de Vargas, em contraponto com os ideais revolucionários ligados ao comunismo.
Olga Benário (Munique, 12 de fevereiro de 1908Bernburg, 23 de abril de 1942) de origem judaica, foi uma militante que lutava pelos ideais comunistas. Filha de um advogado democrata e de uma dama da alta sociedade, Olga se dedicava às causas trabalhistas, aos movimentos sociais, imbuída de uma forte base cultural que a levou a manter os primeiros contatos com a Juventude Comunista, na qual se tornou militante ao desagrado da mãe.  Nesse sentido, pensamos Olga como uma jovem revolucionária comunista que lutou contra tudo e todos, enfrentando a ordem da sua família, a sociedade da qual fazia parte, a imposição nazista e o governo estatal brasileiro fascista da época, em torno dos ideários de justiça, oportunidades igualitárias contra a ferrenha exploração capitalista.
Pelo o que foi mostrado no filme, Olga e muitos outros comunistas se voltaram a lutar contra o domínio político da época, em busca de transformar tal realidade.  Enfrentou conflitos de rua contra as milícias em Kreuzberg, onde foi presa e acusada de traição. Pensar o longa metragem Olga é refletir sobre a visibilidade do papel da mulher dentro da esfera política, é ver sua participação na conquista da sua inserção, fruto de muitas lutas, em um meio tão predominantemente marcado pela figura masculina.
Nesse processo de identificação com os movimentos sociais, Olga se aproximou de Otton Braun. Em uma ocasião, este se encontrava preso (1928), Olga e outros membros da Juventude Comunista invadiram a prisão, resgatando Otto. A partir desse momento Olga e Otton fugiram para Moscou, e esta passou a fazer um treinamento de caráter militar e carreira no Comintern. Em 1934, ela fora convidada a acompanhar Luiz Carlos Prestes ao Brasil com o intuito de protegê-lo, tendo em vista que ele liderava a famosa Coluna Prestes, forte opositor do governo de Vargas. Líder revolucionário, Prestes teria de voltar ao país ao lado de Olga com documentos falsos, como um casal, com o objetivo de fazer a revolução em solo brasileiro e consequentemente implantar o comunismo no Brasil com apoio da antiga URSS.
A Intentona Comunista sendo uma tentativa de dar um golpe contra o governo de Vargas em 1935, depois de sucessivas movimentações e embates fora derrotada, sendo alvo de intensa desmoralização. Olga e Prestes foram presos e consequentemente separados. Benário descobriu, ainda em cárcere, que estava grávida de Prestes e lutou a todo custo contra o governo para que sua filha ficasse no Brasil, pois seu medo era ser deportada para a Alemanha, já que era judia. Entretanto, como forma de vingança, Vargas deportou Olga e a filha para as terras alemãs, entregando-a aos nazistas.
Após diversas lutas, Olga teve sua filha Anita, longe de suas mãos, mas teve a ajuda da mãe de Prestes para cuidar e levar a criança ao Brasil. Olga fora levada para o campo de concentração de Lichtenburg em 1938, e em 1942 foi executada na câmara de gás de Bernburg junto com outros prisioneiros.

O filme, mesmo sendo uma obra ficcional, mas que retratou a vida real de uma militante judia, Olga Benário, buscou mostrar, em certo sentido, a luta daquilo que ela considerava justo. Convicta de seus ideais na luta contra a injustiça social, Olga entrou em confronto nas ruas alemãs, travou conflitos com a própria família, principalmente com mãe e o governo brasileiro liderado por Vargas. Longe de querer santificá-la ou exaltá-la, insistimos na importância da inserção de muitas mulheres no âmbito dos movimentos sociais, com ideais próprios e que lutaram contra as imposições dos regimes políticos da época. Por fim, acreditamos que mesmo que vidas foram sacrificadas, muitas (os) militantes se mantiveram firmes e com vontade de viver, para acordar mais fortes no dia seguinte, em busca de dias que consideraram ser melhores. 

Resenha: Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens



ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. In Rousseau. Col. Os Pensadores, 4.ed. Tradução de Lourdes Santos Machado. São Paulo, Nova Cultural, 1987-88.

De acordo com Rousseau, existem na espécie humana, dois tipos de desigualdade, a saber: a natural ou física caracterizada pela diferença de idade, de saúde, força física por exemplo. E a segunda desigualdade consiste em uma espécie de convenção consentida pelos homens. Ela consiste nos privilégios, segundo os quais uns serão mais ricos e poderosos, em detrimentos de outros que serão pobres e deverão obediência aqueles.
Na primeira parte do Discurso, o autor procura descrever o homem físico, a partir do homem selvagem. Segundo Rousseau, o homem primitivo busca em meio à natureza suprir suas necessidades básicas e se proteger das intempéries climáticas, além de se defender das feras. Em meio à natureza, o homem primitivo é forte e robusto, mas vive só, e tem como único instrumento o seu próprio corpo. De modo que sua única preocupação é a sua conservação, e por isso procura apenas se defender e atacar quando for obrigado.
Rousseau no decorrer dos tópicos mostra o homem como um homem metafísico, no qual se caracteriza primeiramente, a liberdade, pois a razão ele a compartilha com os animais, porém será com o instinto do continuo aperfeiçoamento que ele dirigirá a sua vida, o que está na raiz de todos os seus males. No que diz respeito ao homem como ser moral, do ponto de vista de suas relações com outrem, o homem natural não é sociável, sem nenhuma noção de bem e de mal, ele é inocente, o homem sofre as mesmas influências que os animais, portanto considera-se livre para concordar ou resistir a tais situações. O homem encontra no seu instinto todo o necessário para viver no seu estado de natureza.
Para Rousseau os homens no estado de natureza não possuem qualquer moral, reflexividade, leis ou deveres e, portanto não podem ser considerados nem bons, nem maus, pois eles não possuem entendimento do que é bom ou ruim. No estado de natureza o homem não possui nem vícios ou virtudes. Neste estado de natureza o homem possui a piedade, uma virtude natural dada pela natureza. A piedade é um sentimento presente no estado de natureza que ocupa lugar das leis, dos costumes, e da virtude. Desse sentimento surge uma máxima fazer ao outrem, o que desejas que façam a ti.
Rousseau afirma que “o primeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Essa frase paradigmática de Rousseau sintetiza a sua concepção no que tange ao estado de natureza. Afirma que as idéias de propriedade não surgem repentinamente na mente humana, mas que é fruto de um longo processo histórico de construção da sociedade pela qual passa o homem até chegar à sociedade civilizada. De acordo com sua teoria do estado de natureza, o homem tem como única preocupação a sua subsistência, sua conservação. Os diferentes climas fazem com que os homens desenvolvam suas habilidades lingüísticas e instrumentais de modo diferente. Cada família torna-se uma pequena sociedade. O cultivo da terra e a construção de instrumentos fazem surgir os primeiro sentimentos de posse e com ele o desejo de distinguir aquilo que foi produzido com esforço próprio como sendo seu. O período de desenvolvimento das faculdades humanas é para ele o estado mais feliz da sociedade, era o mais feliz e menos sujeito a revoluções. Para ele todo estado posterior a este é decadente.

Por fim, Rousseau passa a questionar as desigualdades entre os homens, e a partir deste questionamento ele afirma que o homem está cada vez mais ameaçado, pois a desigualdade social é crescente e Rousseau procura remediar esta situação através do contrato social, esta desigualdade segundo Rousseau se originou a partir do momento que os homens saíram do Estado de natureza para o Estado civil ou Sociedade Civil, principalmente porque foi nela que surgiu a propriedade privada e que fez perder a liberdade natural dos homens e para Rousseau mesmo com o contrato é impossível diminuir a desigualdade e, por fim, o contrato teria como objeto assegurar ao indivíduo proteção, igualdade e liberdade.